Examine o Homem a Si Mesmo

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Examine o Homem a Si Mesmo

O apóstolo Paulo, escrevendo à igreja de Corinto, faz uma exortação clara e poderosa: “Examine-se, pois, o homem a si mesmo, e assim coma do pão e beba do cálice” (1 Coríntios 11.28). Este versículo é, sim, um chamado solene para que cada cristão se prepare com reverência para participar da Ceia do Senhor. Contudo, o princípio que ele traz ecoa muito além do momento específico da mesa do Senhor: é um chamado constante para olharmos para dentro de nós mesmos, para a nossa vida, nossa santidade e nossa obediência a Deus.

Vivemos em uma época em que a tendência humana é olhar mais para a vida alheia do que para a própria. Julgamos com facilidade as atitudes dos outros, comentamos suas falhas, apontamos suas incoerências e, muitas vezes, nos esquecemos de aplicar o mesmo zelo à nossa própria caminhada com Deus. Aliás, há algo curioso e, ao mesmo tempo, perigoso no coração humano: a régua que usamos para medir a vida dos outros costuma ser mais alta, mais rígida, mais exigente. Mas, quando olhamos para nós mesmos, muitas vezes baixamos o padrão e ainda justificamos, dizendo: “Ah, mas Deus sabe que a minha vida é mais difícil…”. É como se tentássemos aliviar nosso pecado e pesar o do outro com mais severidade. Isso, além de ser injusto, nos impede de experimentar a verdadeira graça e o crescimento espiritual.

O chamado para examinar a si mesmo é um convite à reflexão honesta e sincera sobre o estado da nossa alma. Como está a nossa vida de oração? Temos cultivado um coração puro diante de Deus ou temos tolerado pecados ocultos? Nosso amor por Deus e pelo próximo tem crescido ou esfriado? Temos obedecido à vontade de Deus ou escolhido caminhos mais fáceis, ainda que distantes de Sua Palavra? Como temos lidado com o orgulho, a vaidade, a mentira, o rancor, a falta de perdão? São perguntas que precisam ser feitas e, mais importante ainda, precisam ser respondidas com seriedade e arrependimento.

A santidade não é um adorno opcional na vida do cristão — é um mandamento. Em 1 Pedro 1.16, o Senhor nos ordena: “Sede santos, porque eu sou santo”. A obediência a Deus não é uma escolha para momentos convenientes, mas o caminho de vida que Ele espera de nós. Paulo escreve aos coríntios para que eles se examinem antes de participar da Ceia porque participar do Corpo e do Sangue do Senhor sem discernimento é comer e beber juízo para si (1 Coríntios 11.29). Mas o princípio é válido para toda a vida cristã: viver sem discernimento, sem autoexame, sem arrependimento, é colocar a alma em perigo.

Por isso, quando deixamos de lado o hábito de julgar os outros e passamos a considerar cada um os outros superiores a si mesmo (Filipenses 2.3), como Paulo também ensina, a vida na igreja se torna muito mais saudável. Uma igreja onde cada crente está mais preocupado em examinar o próprio coração do que em apontar as falhas alheias é uma igreja onde há menos espaço para fofocas, intrigas e disputas. É um lugar onde o amor é mais forte do que o orgulho, onde o serviço é mais valioso do que a vaidade, e onde o nome de Cristo é exaltado.

Quando o padrão que usamos para medir os outros é mais alto do que o que usamos para nós mesmos, a igreja sofre. Mas quando invertemos essa lógica e baixamos nossa régua para o próximo, oferecendo graça e misericórdia, e elevamos o padrão para nós mesmos, buscando viver em santidade, a igreja floresce. O ambiente se torna mais leve, mais acolhedor, mais parecido com o que Deus deseja: um corpo que cresce unido, em amor.

Portanto, que cada um de nós tome a decisão de olhar menos para a vida dos outros e mais para o próprio coração. Que, antes de criticar o irmão, perguntemos: Como está o meu coração diante de Deus? Tenho obedecido à Sua Palavra? Tenho vivido em santidade? Que paremos de justificar nossos erros com a frase “Ah, Deus sabe que minha vida é mais difícil…” e passemos a encarar a santidade como um chamado inegociável.

Que o Senhor nos ajude a viver com mais graça, mais humildade e mais amor, para que nossa igreja seja um ambiente saudável, forte e cheio da presença de Deus.

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